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Carta Mensal - Fevereiro de 2024


Never Bet Against America


“Gênio é o homem capaz de tomar uma atitude mediana quando todos à sua volta não têm ideia do que fazer.” Napoleão Bonaparte



A célebre frase apresentada em um slide de Warren Buffett, na convenção de 2020, repercutiu no mercado e retornou na nossa memória neste mês de fevereiro. Depois de um ano de 2023 em que o rumo da política monetária manteve plena atenção dos investidores, encerramos novembro precificando múltiplos cortes de juros na economia americana para este ano.


No entanto, a forte economia do país prevalece e dados de atividade, como emprego e inflação, saíram acima do esperado adiando os cortes de juros para o segundo semestre de 2024; e desvalorizando as bolsas frente a uma redução na estimativa de cortes para o ano. A frase de Buffett retorna a mente quando percebemos que continua difícil apostar contra os Estados Unidos, o S&P e a força de sua economia.


Com isso, os mercados testemunharam um aumento significativo nas taxas de juros em escala global, especialmente nos países desenvolvidos ao adiar o ciclo de cortes que muitos aguardavam precocemente.


Porém, apesar das surpresas percebemos confiança nos membros do conselho monetário americano quanto a trajetória da inflação e uma desaceleração na atividade econômica.

Trazemos a histórica frase de Napoleão Bonaparte para contextualizar que a quantidade ou momento dos cortes de juros nos EUA não devem ser a nossa fonte de preocupação. A alternância de expectativas frente a dados complexos certamente gerará volatilidade, assim como presenciamos no último ano e nesses dois primeiros meses, mas a médio prazo adentraremos em um cenário inédito onde todos os países ao redor do mundo estarão em um ciclo de corte nas suas taxas de juros.


A tendência desse movimento é positiva para ativos de riscos e nos encontramos em um momento otimista quanto a essa exposição nos trimestres a frente. Ademais, tais condições privilegiam posições aplicadas em juros e proporcionam uma combinação perfeita de risco e retorno quando inseridas em conjunto nos portfólios. Sendo assim, os acontecimentos desses primeiros meses podem ser vistos como negativos aos mercados ou de maneira otimista como oportunidades para posicionamento dos portfólios a tendência de juros menores no futuro breve.


Concluímos reforçando uma mensagem constante em nossas comunicações, as oscilações de curto prazo devem ser observadas exclusivamente como convites para reflexão de nossas ideias, posições e objetivos; e claro, oportunidades para realocações após compreendermos se estamos na rota correta ou errada.

 

CENÁRIO ECONÔMICO E DE MERCADO

 

Para este mês de fevereiro destacamos a manutenção do otimismo nos mercados globais com redução das expectativas inflacionárias a despeito das incertezas sobre o momento de inflexão na taxa de juros americana e Europa. Repetimos a mensagem do mês anterior: apesar de múltiplos riscos potenciais, a tendência macro do ano com juros menores deve prevalecer frente aos fatores negativos.

 

 

BRASIL

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, ficou em 0,78% em fevereiro deste ano. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 1,09% e, em 12 meses, de 4,49%, acima dos 4,47% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. O destaque ficou na elevação dos preços no grupo de alimentação e bebidas.

 

A conta corrente de janeiro no Brasil ficou dentro das expectativas de mercado, com déficit de US$ 5,1 bilhões. Por outro lado, destaque para a conta de capital com um investimento estrangeiro direto de US$ 8,7 bilhões, sinalizando interesse global por ativos de longo prazo no país.

 

 

MUNDO

 

Se por um lado presenciamos abertura nas taxas de juros dos países desenvolvidos, por outro lado os ativos de risco e as bolsas de valores destes países também entregaram retorno favorável aos investidores. Sinalizando uma volatilidade benéfica aos portfólios como um todo. Algo pouco debatido é o fato do efeito riqueza que as valorizações em bolsa proporcionam aos indivíduos que podem perpetuar consumo e postergar a redução dos índices de inflação. O tema é relevante para a noção de que os ciclos de cortes adiados dependam talvez de um ajuste nas bolsas globais.

Na Argentina, a inflação anual chegou a 254,2%. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos, o índice mensal de janeiro foi de 20,6%. A taxa foi puxada por aumentos nos setores de bens e serviços, transporte e comunicação, em suma reajustes propostos pela nova gestão Javier Milei. Embora elevado, o índice mostra uma desaceleração em relação a dezembro, quando a inflação mensal do país chegou a 25,5%.


Agradecemos a leitura, o tempo e a confiança.

 

Pedro De Cesaro               Rodrigo Villa Real       

Founding Partner                Economista-chefe          

 


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