The Most Important Thing
“Quase nada é tão perigoso para a saúde dos investidores quanto a insistência em extrapolar os eventos atuais para o futuro.”
Charlie Munger
O investidor e escritor Howard Marks é conhecido no mercado pelos excelentes memorandos que a sua gestora, Oaktree Capital Management, publica de tempos em tempos. Além dos textos, Marks possui dois livros que recomendamos para todos: O mais importante para o investidor e Dominando o ciclo de mercado.
Vivenciamos nos últimos meses uma dominância do macro frente aos ativos globais e escrevemos acerca do tema nas cartas anteriores. Em meio a uma abertura do juro longo nos Estados Unidos e Brasil, neste mês de setembro, gostaríamos de retornar em um memorando recente da Oaktree e no livro que dá título à carta.
No livro, O mais importante para o investidor, um dos conselhos centrais do investidor é para o pensamento de segundo nível. Simplificar a leitura de notícias, dados e acontecimentos pode nos levar a conclusões de primeiro nível que é superficial e comum. Por outro lado, o pensamento de segundo nível é profundo, analítico e complexo. Por exemplo, frente a abertura de juro e volatilidade, a primeira leitura é redução de risco e venda de ações. O segundo nível reflete acerca da intensidade efetiva do movimento e se a depreciação dos ativos de risco não seriam uma oportunidade de compra.
Para além do certo e errado do exemplo apresentado, propomos a cautela e debate profundo antes de decisões comandadas pelos nossos vieses comportamentais. Afinal, como diria Charlie Munger “quase nada é tão perigoso para a saúde dos investidores quanto a insistência em extrapolar os eventos atuais para o futuro” e o que vemos hoje é a precificação deste elevado patamar de juros por um período longo. Seria plausível pressupor esse cenário para a economia americana? Caso não ocorra, quais oportunidades estão abertas?
Adicionamos nesta reflexão duas lições do memorando recente de Howard Marks: arriscar não é o problema e errar não importa. Aprofundando, para o investidor controle de risco não é evitar riscos dado que evitar riscos é evitar lucro. Por isso, Howard alega que arriscar não seria problema, mas sim arriscar acima do que cada investidor suporta e em situações em que o retorno potencial não compensa o risco assumido.
Quanto ao erro, Marks afirma que ele não importa. O que importa é o tamanho dele e a quantidade deles. Portanto, compartilhamos tais lições para criarmos a reflexão sobre as melhores formas de alocação. Importante uma abordagem pragmática frente as informações e dados que recebemos e a partir disto refletir se o momento exige cautela ou exposições graduais em ativos com boa assimetria de risco-retorno.
Por fim, recordamos que estamos sempre à disposição para debater acerca deste conteúdo e notícias pertinentes para você. Obrigado!
CENÁRIO ECONÔMICO E DE MERCADO
Para este mês pontuamos a abertura do juro longo nos Estados Unidos e Brasil com repercussão direta nos ativos de risco. O acontecimento elevou a volatilidade nos mercados diante da expectativa de juros altos por um período superior ao esperado anteriormente.
BRASIL
A prévia da inflação brasileira para setembro, o IPCA-15, foi de 0,35%.
O resultado consolidado do Governo Central já acumulou um déficit primário de R$ 104,59 bilhões em 2023. O resultado é o segundo maior déficit acumulado, só perdendo para os oito primeiros meses de 2020, ano da pandemia. O governo viu a arrecadação cair 1,6% e a despesa crescer em 9%.
MUNDO
O Federal Reserve decidiu manter as taxas de juros americanas inalteradas na banda de 5,25%-5,50%. Embora a decisão tenha sido conservadora (dovish), o discurso foi firme e impactou negativamente as bolsas ao redor do mundo. Reforçamos que a prática de discursos duros é bem vista dado que é melhor ajustar as expectativas pela fala e credibilidade do que com a ação efetivamente. O risco habita no limite onde os BCs perdem a credibilidade.
Destaque para o acentuado avanço no preço do petróleo que impacta diretamente a inflação ao redor de mundo e repercute na tensão geopolítica com a Rússia e Oriente Médio.
Agradecemos a leitura, o tempo e a confiança.
Pedro De Cesaro Rodrigo Villa Real
Founding Partner Economista-chefe
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